18/04/2011

Ciranda da bailarina



Uma exposição de fotos nesse final de semana me fez relembrar uma lição que recebi do meu pai (mais uma). Na exposição em questão, existia um projeto onde uma pessoa contava algo representativo sobre sua infância. Pensei em várias situações, mas uma em especial que eu sempre carrego, decidi transformar em post.

Quando eu era pequena, fazia ballet clássico. Comecei com um colant rosa e fui me dando bem. Passei para as tão desejadas sapatilhas de ponta, já dava piruetas duplas :) em pouco tempo, minha professora super rigorosa, foi me passando para os estágios superiores, até que eu fui parar num nível super avançado. As meninas eram lindas, magérrimas, alongadíssimas, recebiam aulas dos melhores professores do Teatro Guaíra de Curitiba e executavam com perfeição clássicos de repertório como Dom Quixote, Coppelia, Paquita entre outros. Eu tinha então um empasse, poderia me manter num nível abaixo ou então participar daquelas aulas de 7 horas/dia. Era pra ser um sonho, mas tanta perfeição me fez olhar pra mim, um ser nem lindo e muito menos magérrimo (!) eu nunca fui das mais alongadas e só dava piruetas duplas, enquanto elas ensaiavam fuetes. Tudo isso me fez sentir péssima, diminuída e frustrada.

Em meio a um dos meus regimes, meu pai, provavelmente bem preocupado com a minha integridade física e mental, me fez pensar sobre meus valores. Disse que eu deveria optar por ser a melhor bailarina entre as inferiores ou então a pior entre as melhores. A primeira opção enxeria meu ego e me faria vaidosa, a segunda me faria crescer e evoluir porque eu teria sempre o que aprender.

Continuo sempre tentando optar por ser a pior bailarina :)

4 comentários:

Anônimo disse...

muito bom! escreva mais!

beijo,
Fe.

Alessandra Rossi disse...

Por que parou de escrever? Sinto falta da sua sapiência. Grata.

CristalHui disse...

hahaha que boba!

Edgar disse...

Mari, me passa um e-mail teu que tu use pra gente não perder contato. =*